terça-feira, 13 de outubro de 2015
terça-feira, 6 de outubro de 2015
OS CÃES DA NOITE
I
Quando a noite se eriça mais do que é costume,
convoco os cães.
Na esperança de que os cães me tirem
das goelas da noite
e abram brechas na muralha de fogo.
A. M. Pires Cabral
in A noite em que a noite ardeu, Lisboa: Cotovia, 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
PASTELARIA
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
MÁRIO CESARINY
[ID, Guimarães, 2013]
Subscrever:
Mensagens (Atom)