ficam mais sérios
no retrato
do jardim. Descansam
as criaturas, descansa quem
as criou, algures longe
da vista, longe do coração.
Descansa o cão extraviado
à sombra do contentor
e o ministro das finanças -
sempre, sempre tão
cansado - no seu reduto
murcho. Domingo, linha branca
que atravessa um olival:
já deste o ramo
ao padrinho? Vagares
de um mundo pequeno
ao domingo, no palheiro,
em histórias de papel velho
cor de açúcar mascavado -
eu bem não queria
morrer. Domingo nos montes
em volta, domingo na ilha
de Kirrin,
domingo em toda a parte,
de nenhures, de Deus
nenhum.
Rui Pires Cabral
in "Génesis", Suroeste — Revista de literaturas ibéricas, n.º 4,
Badajoz, 2014
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