the wind and the speed
can't see the danger
look mother no hands
Longe vai o tempo em que andava de bicicleta. Agora ando mais a pé. Atravesso a cidade e nada há nela que seja meu. Nenhum lugar. Nenhum rosto. Nada. Existem apenas avenidas que seriam boas para a minha bicicleta: tivesse eu uma e iria por aí até cair de cansado. Mas, como é fácil de perceber, o meu cansaço agora é outro. Às vezes consigo dele descansar. São noites boas. Nelas há, por vezes, um silêncio que me envolve e me faz sentir bem. Nem tudo é mau, afinal, neste mundo. A verdade é que o bem é maior do que o mal. E, devido a isso, mais difícil de encontrar. Todos sabemos: demasiada luz: cega.
Manuel A. Domingos
in Cão Celeste n.º 9, Lisboa, Julho de 2016
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