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segunda-feira, 10 de julho de 2017

PÕE OS OLHOS NA ÁGUA


"[...] mudar
o mundo (mudá-lo para onde?).
[...]"


José Miguel Silva
in Cão Celeste n.º 8, Lisboa, Dezembro de 2015 | 
Últimos Poemas, Lisboa, Averno, 2017





[Capa de Luís Henriques]

quarta-feira, 9 de março de 2016

2012 | 2015 | ...


«Algures entre o jornal e a revista, o Cão Celeste pretende apenas ganir, ladrar com raiva ou paixão, amar ou odiar sem peias aquilo que o mundo quotidianamente lhe dá a ver. De seis em seis meses, os leitores interessados terão notícias nossas.
Mas não somos um grupo, não obedecemos a qualquer cartilha literária ou política que possa servir para classificação geral. Este é, antes de mais, um espa...ço de encontro entre pessoas que ainda consideram urgente o livre exercício da crítica, do pensamento ou da revolta. E é justamente em nome dessa precária liberdade que prescindimos de qualquer apoio exterior, passível de condicionar os nosso gestos.
Repudiamos, de modo inequívoco, o acordo ortográfico pretensamente em vigor - e fazemos questão de sublinhar, sempre que possível, essa repulsa. Mas temos outros ódios, claro - e, felizmente, afectos e devoções não menos intensos. Apesar de tudo, e ainda que de longe em longe, a lanterna de Diógenes mantém o seu esquivo e necessário fulgor.»
 

Editorial
in Cão Celeste n.º 1, Lisboa, Abril de 2012



*


Era uma vez um cão, celeste e com dentes aguçados, obstinado numa crítica inclemente do que se passa à nossa volta. Mas demolir, apenas, é um exercício pobre, peca por falta de generosidade — ou de atenção — ao que de bom (sendo raro) se passa também à nossa volta. A prática da repulsa é tão necessária quanto os exercícios de admiração pelas vidas, obras e atitudes que nos continuam a (co)mover. Serão poucas, mas existem.

Não se pode falar, em rigor, de uma segunda vida do cão. O cão é eterno, ladra desde o tempo de Diógenes até à crítica do espectáculo feita por Debord ou ao riso iconoclasta de Alberto Pimenta, passando ainda por Montaigne ou Swift, entre muitos outros. Morrerá, a ladrar, quando este mundo cão morrer. Esta revista, porém, adopta a partir do presente número um grafismo diferente, que em nada contraria as premissas originais.

A esta inflexão gráfica correspondeu, por mérito do acaso, uma espécie de invasão poética bastante notória. Na verdade, a questão do género literário nunca nos inquietou, pois a ideia inicial foi reunir textos e imagens, abolindo fronteiras. Podemos, quando muito, deduzir de uma tão intensa colaboração lírica que a poesia continua a ser a melhor arma — e a mais inútil, também — para demonstrar a nus, despidos e andrajosos de luxo que o vosso reino pseudo-literário não nos interessa. Temos pena, isso sim, que este número do 'Cão Celeste' já não possa ser lido pelo Vitor Silva Tavares.


Breve nota editorial
in Cão Celeste n.º 8, Lisboa, Dezembro de 2015


segunda-feira, 7 de março de 2016

2016


O Prémio Nacional de Poesia Diógenes é atribuído anualmente com base num sistema voluntário de subscrição, dependendo o seu valor da quantidade de subscritores. 

Cada subscritor, ao pagar €30 que reverterão na íntegra para o Prémio, recebe em troca um exemplar da tiragem especial da revista Cão Celeste (dois números por ano), numerado de 1 a 100 e assinado pelos colaboradores disponíveis. 

Deixamos, pois, aqui o repto a todos os que possam estar interessados em juntar-se a esta iniciativa, contactando-nos através do e-mail: ocaoceleste@gmail.com.




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Lucro


Ouço o físico afirmar que a imposição de resultados a curto
prazo, a concentração de esforços na aplicabilidade imediata, é nefasta e redutora para a investigação científica, lembrando que a maior parte das descobertas que geraram aplicação prática, explorada ulteriormente em larga escala, foram dirigidas pela vontade instintiva de perceber, resolver um problema teimoso, explicar um facto inesperado. 


O mesmo se passa na literatura, fico a pensar. Livros orientados para o leitor, textos de leitura fácil, temas de interesse geral, feiras, festivais, poses, entrevistas, autógrafos, espreitadelas pelo óculo indiscreto ao elemento pessoal, o pequeno segredo, o inconfessado fetiche e, cereja no bolo, cume no topo, lugar cimeiro na tabela das vendas a retalho ou, mais ridículo, nome maior das críticas a retalho, das ocorrências no gugâl sârche, do número de visitantes no blogue, de laiques no feicebuque, etc. e tal, oco e mediático, nulo e frívolo, como se pretendia.

E claro que é nefasto e redutor para a criação literária. E tal como nas descobertas científicas, a maior parte dos textos que se tornaram integrantes do pensamento e da cultura humana resultaram da procura cega de modos de exprimir o facto bruto de ser homem, de estar vivo, nesse instante abismo em que sente, sofre, esbraceja, respira, e tenta iluminar, enquadrar, compreender, para adquirir sobre a vida, sobre si, um mínimo domínio, um mínimo poder: o de a expor e comunicar, resolvendo-a ou não.  

E como chegámos a este sinistro império pragmático? Esta redução da causa a consequência, concreta, imediata? Movidos pela pressão do lucro, pois com certeza. Ou do que a lucro se assemelhe na sua falta, pois mais vale a semelhança do que nada. Rápido como se exige. Exponencial como se impõe. A qualquer preço, pois o que determina o preço não o tem. Com os inerentes danos colaterais, como se diz, e vidas humanas é o que se está a dizer, em nome do progresso civilizacional, do crescimento da economia que esqueceu o homem que era a sua condição e sentido, e o tornou alheio, matéria-prima que se negoceia, compra e vende, explora e elimina com os demais resíduos da suprema produção. 

Mundo estúpido de gente estúpida, não encontro melhor forma de o dizer, que para aumentar a riqueza contabilística dos balanços, empobrece a realidade, sufoca a criatividade, asfixia o desenvolvimento ético, social e mental da humanidade que nele se enleia e debate. 

Mundo estúpido de gente estúpida, repito sem gosto, porque ignora o mais óbvio: não há indivíduo fora do todo, não há felicidade separada do outro. E assim o seu individualismo acerbo, o seu egoísmo ganante, a sua voracidade sem freio, têm um adversário derrotado, esvaziado, destruído, de que nem sequer suspeitam: eles mesmos.

JORGE ROQUE
in Cão Celeste # 8

domingo, 14 de fevereiro de 2016

CÃO CELESTE # 8


Com colaborações de:

Abel Neves | Adriana Molder | Ana Biscaia | Ana Isabel Soares | Ana Menezes | Ana Teresa Pereira | André Lemos |
A. M. Pires Cabral | Bárbara Assis Pacheco | Bruno Borges | 
Bruno Dias | Cláudia Dias | Daniela Fortuna | Daniela Gomes | Débora Figueiredo | Diniz Conefrey | Emanuel Félix |
Emanuel Jorge Botelho | Fátima Maldonado |
Gil de Carvalho | Guilherme Faria | Hyppolite Taine |
Hugo Pinto Santos | Inês Dias | Isabel Baraona | Isabel Nogueira | Jaime Rocha | Jerome Rothenberg | João Chambel | João Concha | Jorge Roque | José Ángel Cilleruelo | José Luís Costa | José Miguel Silva | Leonor Figueiredo | Luca Argel | Luís Henriques |
Luis Manuel Gaspar | Manuel Diogo | Manuel Freitas | Mauricio Salles Vasconcelos | Miguel de Carvalho | Miguel Martins | Miguel Pereira | Nunes da Rocha | Pádua Fernandes | Paulo da Costa Domingos | Ricardo Castro | Ricardo Marques | Rosa Maria Martelo | 
Rui Caeiro | Rui Nunes | Rui Pires Cabral | Urbano