sexta-feira, 2 de novembro de 2012

CÃO
LIRICA
ÇÃO


Parte da lírica
afago-a com as unhas
camadas submissas
focinho do poema.

Os óculos perseguem as pálidas palavras.

Mesmo as mãos
farejam o discurso
enquanto firo um toiro
num alfabeto loiro
num velho mecanismo.

(Um lápis diz para mim:
enxota a solidão)

Parte da lírica
agora é como um cão.

- Armando Silva Carvalho, Lírica Consumível, 1965
 
[Obrigada, Joana] 

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